DICIONÁRIO
DE NOMES RUAS, PRAÇAS E TRAVESSAS DA CDD
OU
NOMEAÇÃO POPULAR DE LOGRADOUROS
E MICRO REGIÕES DA CIDADE DE DEUS.
Pesquisa e Organização: Wellington de Moraes França
Seria
um modo de apropriação simbólica dos territórios ou uma demonstração de
pertencimento e poder?
A Nomeação de Logradouros como Processo Poético e de
Apropriação do Território ou Nomeação popular ou ainda uma ressignificação
simbólica e identitária de territórios e locais de referencia e localização de
logradouros à revelia dos critérios estabelecidos pela prefeitura local vem
sendo objeto de curiosidade popular local e em alguns casos de interesse
acadêmico.
Movido
por este fenômeno rico de processo poético resolvi inclui-lo no que chamo
provisoriamente de uma pesquisa participativa e popular para a criação de um
acervo de bens patrimoniais culturais materiais e imateriais da CDD.
A Cidade de Deus revela indícios de um fenômeno
social de formação de várias identidades culturais que vem se transformando e
ao mesmo tempo se consolidando em mais de cinco décadas de ocupação.
Apesar ou além dos nomes determinados pela
prefeitura surgem e se fixam e se transformam nomes próprios para lugares
dentro da comunidade que revelam tendências; historias; preferências culturais;
fatos sociais ou pessoas marcantes.
Exemplos: Comunidade do Pantanal; Karate; Bariri;
Laminha; Tijolinhos; Área da Treze; Barro Vermelho; Tangará; Praça Seca;
Casinhas; Rocinha II; Praça dos Garimpeiros; Praça do Seu Dantas; Sítio do
Coronel, Praça das 17 arvores; Esquina de Londres, dentre outros.
Também entidades, prédios como referencia de
localização e eventos sociais com microseguimentações, algumas extintas, outras
resistindo ao tempo ou com adaptações:
Festa do Dia do Trabalhador com várias atrações; Desfiles
carnavalescos e desfiles cívicos; Pagode do Bar da Ritinha; Botequim do Charme
do Bar do Bill; Forró do Perereca, Forró do Celso (Rocinha II); Comunidade de
Sambistas (Mocidade Unida; Bloco Coroado; Bloco Luar de Prata; bailes de várias
tendências; Grupos de Dança de Rua, Escola de Samba Mocidade Unida Jacarepaguá;
Igreja Amarela; Porta do Céu; blocos carnavalescos; festas caipiras
tradicionais; Grupos de teatro e literários (Grupo de Teatro Cultural Projeto,
Revista literária NÓS; Grupo Teatral Raiz da Liberdade; Movimento Negro Acorda
Crioulo; Grupo Aliança Ariri de Capoeira do Mestre Derli, dentre outros grupos;
Clubes de Futebol Masculino, feminino e juvenil; Taidokan Karate Clube;
Associação Rode de Karate, juntamente com dezenas de ONGs com ações sociais,
culturais e desportivas.
DICIONÁRIO
POPULAR DOS LUGARES DA CDD
TRIAGENS - São quadras onde se encontram habitações nomeadas
originalmente pela COHAB – assim chamadas para caracterizar a condição de
“provisórias”. Localizam-se em vários pontos no conjunto habitacional, conjunto
este, o das casas, com arquitetura original sendo pequenas casas em centro de
terreno e cobertura de telhas francesas. As triagens são formadas por grandes
vagões com varias pequenas habitações de apenas dois cômodos cada divididas por
uma simples parede de alvenaria e coberturas de telhas de amianto. Foram ao
logo das décadas sendo mantidas e identificadas com seus números originais:
triagens da 13, 163 e 169.
E
por que quadras e números e não nomes próprios?
(logo no inicio das ocupações os endereços dos
imóveis eram identificados conforme uma nomenclatura especifica da engenharia
civil ou uma corruptela para a designação técnica que define como quarteirão ou
Quadrilóbulo - Nomenclatura para blocos de edifícios limitados por quatro ruas
- muito embora, modernamente, a “quadra” é mais conhecida como áreas de esporte
e lazer dentro das praças e condomínios, conjuntos habitacionais e clubes).
A
Praça do 15 fica na Área
do Lazer. Única que não acompanha o padrão de ser próxima da quadra de mesmo
número. Na segunda metade de 2018 a geopolítica se apresenta com nova
configuração à saber:
Área
do 15 delimitada entre Rua
Josias, Avenida Rio Grande, Prezuic e Av Marechal Miguel Salazar Mendes de
Moraes. O “Lazer” se identifica desde então como o conjunto de duas quadras
desportivas, uma de futebol e outra polivalente (vôlei, basquete) e seu
entorno.
AP
- Apartamentos
AP
1 (antes Conj Gabinal e Margarida)
AP2 (antes, conjunto da PM – projeto para moradia originalmente
aos servidores desta corporação porém já não mais existindo como tal)
AP3 – Conj Itamar Franco
Bruk região originalmente conhecida como Pantanal ( I e
II)
Barro Vermelho (atual Bariri). Antes do asfaltamento
e da ocupação de parte do território que hoje é tido com Morrinho, o barranco
exposto na encosta que faz limite com o condomínio Bairro Araújo era de uma
argila de cor avermelhada.
Karatê - Existem dois antigos relatos:
a. Histórico de recorrentes conflitos entre vizinhos. b. Local de
domicílio ou de onde presumi-se, partiam jovens e adolescentes para realizarem
arrastões nos bairros vizinhos usando golpes supostamente semelhantes às
técnicas das Artes Marciais. Uma terceira versão é a de que naquela região ou
proximidades morava ou ensinava Karate.
Notas: Um dos primeiros mestres de karate que morou na
Cidade de Deus se tem notícia, era conhecido como Verdugo. Há relatos de que
ensinava na Barra da Tijuca. Um segundo
mestre, ensinava Karate no Centro Social Urbano, Professor Sergio Pinto que
alem de um dos pioneiros desta arte foi também o fundador do Bloco da Lata.
Entidade carnavalesca ao contrário do que se possa imaginar ter sido fruto de
uma expressão espontânea era por ele muito bem organizado. nos apartamentos da
Gabinal. Um terceiro, Professor Marcos. Na segunda geração de mestres desta
modalidade que se estabeleceram na Cidade de Deus foram: Sensei Wellington (nas
casas) e Sensei Luiz Pessanha (nos apartamentos).
Rocinha
2
Casinhas
Novas (2005 / 2006) atualmente
mais recorrente como apenas “Casinhas”
Tangará: um morador e proprietário de uma birosca naquela
área afirma ter sido ele o autor que cunhou o nome do lugar. Diz que
testemunhou os primeiros movimentos de ocupação. Os homens passavam em romaria
com foices, picaretas, pás e enxadas sobre os ombros. Uma vez comentou com seus
fregueses no balcão: “Olha só! Até parece o povo de Tangará!”. Na época estava
em cartaz a novela da Globo, O Salvador da Pátria. Esta novela faz referencia à
duas cidades fictícias, uma delas Tangará. O tema de abertura da novela retratava
o movimento dos operários entre as cidades.
Ap
da PM ( mesmo que AP2) Condomínio localizado no Final da Rua Pintor
Leandro Joaquim originalmente construído para atender servidores daquela
corporação. Atualmente, uma parcela dos moradores não se reconhece como parte da
Cidade de Deus. Atribui-se também a troca do nome de “AP DA PM” para AP2 .
Bruk – abreviação
decorrente de corruptela da palavra Brooklin. Trata-se de uma comparação
com um bairro nos EUA, homenagem ou
comparação e por ser uma região perigosa
e dominada por facções criminosas.
Pantanal: região que assemelhava-se a um pântano.
Praça
da Loira. Praça onde se localiza a
casa de uma senhora que vendia gás de cozinha. Carla Ciccos, do CddAcontece
comenta sobre uma matéria que fez com o neto desta senhora que formou-se nos
Estados Unidos ( também identificada como da família Digenari).
Area
do Lazer: tradicionalmente um dos
principais pontos de lazer da comunidade e prática esportiva. Constitui-se
principalmente de uma quadra poliesportiva (baskete, vôlei e fut sal) e o campo
de futebol. Originalmente projetada como praça. Seu nome oficial, Praça Ageu.
Endereço também da Paróquia Pai Eterno e São José, primeira igreja católica
apostólica romana fundada pelo Pe. holandez Juio Grotten.
Laminha. Região próxima da praça onde era sede do Bloco
Carnavalesco (já extinto) Luar de Prata. Área com grande incidência de
entupimento dos esgotos e muita lama nas ruas e travessas.
Praça
da Fé ( pesquisa em andamento).
Praça
do Cidinho. (onde se localiza a
residência do Mc Cidinho da dupla Cidinho & Doca).
Praça
do “Rala Coco” Acredita-se
que o terreno baldio era reservado para o estacionamento das professoras da
Escola Augusto Magno. Pavimentado com um asfalto rústico, era usado pela
molecada para suas partidas de “pelada” conta o Escritor Edson Veoca que morava
ali perto. Devido ao asfalto as crianças sempre que caiam ralavam o corpo e
principalmente o “coco” ou seja, a cabeça. Posteriormente com a reforma do
Jardim de Infância Monsenhor Cordiolli, a área em frente ganhou bancos.
Permanece conhecida como a Praça do Rala Coco.
“Esquina
de Londres”, nome dado à esquina
entre as Ruas Josias e Jesse, foi cunhado pelo Cidinho Doca. Cidinho criou o
bloco de Clovis “Os Cara Feia” para saídas no Carnaval nos anos noventa como
uma alegoria em resposta bem humorada aos dois outros grupos de Clovis luxuosos
que partiam respectivamente do Lazer e
da 69 sempre com grande queima de fogos. A
saída do bloco Caras Feia era da esquina entre rua Jesse e Josias, o
nome escolhido pelo Cidinho por razões ainda não esclarecidas, foi adotado pela comunidade. O “Cara Feia”
extinto, era formado com fantasias pobres e desfilava somente pela CDD. Conta
Ismael, dono do Theiler ao lado da Associação de Moradores: “ Anos noventa ,no
carnaval, dois blocos de Clovis com fantasias luxuosas saiam da CDD para
desfilarem em outros lugares: Os brabo partiam de um ponto perto do CRJ (
Centro de Referência da Juventude – originalmente Fundação Leao XIII, depois
Casa da Paz) .Os “Abusado” assim mesmo no singular, partiam da Quadra 69 e ainda hoje saem da quadra do
Botafogo no Karate. Faziam uma queima de fogos para marcar a concentração e a
saída. O Cidinho então resolveu criar o bloco dos “Caras Feia” Um tipo de
Clovis de pobre com adereços, mascaras e fantasias pobres e improvisadas; o
ponto de partida era na esquina da Rua Josias com a Jessé, batizado por Cidinho
como a Esquina de Londres.
Tijolinhos ( I e II) - Uma das últimas tentativas do estado
responder as reivindicações locais por uma melhor condição de vida aos
habitantes das triagens resultou numa arquitetura premiada. Nomeada pela
população por sua aparência.
Tijolinho I ( próximo da saída da linha amarela (foto)
Tijolinho
II, na “Laminha” localizado no interior da área das
casas.
Praça
Seca (Seu nome oficial na CDD: Habor)
Praça
dos Garimpeiros ( Oficial:
Praça dos Profetas).
Praça
do Seu Dantas (Oficial:
Magadã)
Sítio
do Coronel
Praça
das 23 Árvores
Praça do Galo
Comunidade
Guarani Av.Comandante Guaranys é
a rua onde estão estabelecidas a Farmanguinhos, Eletromar e da antiga Cera Jhonson, atualmente GB logística. Também via de acesso ao Jardim
do Amanhã. Estende-se até a Av Ayrton
Senna e saída para linha amarela. Nas
suas laterais localiza-se a comunidade Vila da Conquista e recentemente a
ocupação Guaranys ( contribuição de Magali Portela).