Vista
lateral Praça Pe. Julio Groten e parte da Rua Edgard Werneck.
Fonte:
Google Maps
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Proposta de Criação do Observatório da CDD
Argumentação que faço baseada nas experiências históricas da Cidade de Deus e recortes sobre concepções contemporâneas protagonizadas pelo Observatório das Favelas sediado no conjunto de comunidades da Maré.
Desde os anos setenta e
mais intensamente nos anos oitenta que os grupos de produção e movimentos
culturais e literários criados na Cidade de Deus (com atores intergeracionais
dos 14 aos 70 anos) produziam uma agenda que sempre ou quase sempre incluía
conscientemente a produção de conhecimento científico numa perspectiva de
intervenção cultural em rede e a partir de mapeamentos e diagnósticos próprios
ou apropriados de outras fontes e territórios.
Era como se vivêssemos imersos numa grande universidade popular. É
possível que esse acumulo tenha influenciado na formação das novas gerações de
atores sociais que passam a se instrumentalizar nas assim chamadas organizações não governamentais de base
comunitária e que vem constituir em 2003 o Comitê Comunitário da Cidade de
Deus e em 2004 a Agencia CDD de Desenvolvimento Local.
A partir de certo
momento, alguma lideranças da Cidade de Deus verificam que sua população vinha sendo tratada como objeto de pesquisa científica e com o agravante
de que quase sempre descrita muito mais como assistida do
que como protagonista de sua própria história. Constatação esta que por si só,
parece-me, justificar o reacender olhares juvenis ao ingresso para além das
universidades e promoção do feedback tão propagado nas primeiras gerações, ou
seja, depois de alcançar a universidade, compartilhar com a comunidade a
experiência acadêmica, sem culpa nem obrigação.
Das
conexões entre Territórios das Periferias Fluminense & Academias
brasileiras e do Exterior
Verifiquei, sobretudo
na fase pós UPP + Social interesse das universidades em promover e intensificar intercâmbios com produções culturais das favelas cariocas. Mesmo antes, cabe lembrar a experiencia da Universidade das Quebradas.
https://www.universidadedasquebradas.com/
https://www.universidadedasquebradas.com/
Na Cidade de Deus chamo atenção para a recente pesquisa CONSTRUINDO JUNTOS
http://construindojuntos.com/index.php/metodologia/ sobretudo sua
metodologia que considero de um grau de excelência que ainda não havia
testemunhado in loco em toda minha
vivencia na Cidade de Deus.
Importante ressaltar que
a coordenadora da pesquisa, socióloga Anjuli
Fahlberg, da Northeastern University em Boston e Ricardo Fernandes, professor
e coordenador do grupo teatral Os Arteiros, tenham se esforçado para que os
jovens participantes da pesquisa de campo em toda a construção do diagnóstico
viessem a se apropriar deste conhecimento.
Observatório da CDD. Uma Utopia Possível?
CASA DE CULTURA CIDADE
DE DEUS, UM EXEMPLO A SER ESTUDADO
A Casa de Cultura,
desde sua fundação, 2011, coleciona em seu portfólio iniciativas semelhantes ou
próximas do que poderia ser uma incubadora, produtora e gestora de projetos que
transitam no campo da pesquisa de diagnóstico social; e formação especializados em artes, educação popular, esporte e memória.
Contudo existem muitas outras experiências
e iniciativas para serem catalogadas e consideradas como potenciais para o start
no devido tempo na construção do Observatório.
Em 2016 o Comitê Comunitário da Cidade de Deus
chegou a contar com a participação de vinte iniciativas organizacionais (grupos,
coletivos e pessoas jurídicas de direito privado) de natureza popular e uma
pessoa física.
Exemplos de Iniciativas da Casa de Cultura Cidade de Deus:
Para pensar
- Poderia a Casa de Cultura Cidade de Deus, aqui citada como exemplo, com o devido aporte de recursos, ter condições de se apropriar desta ideia e colocar sua expertise a serviço da criação do Observatório da CDD?
- Estaríamos preparados hoje para que no âmbito das instituições sediadas na CDD de base comunitária formar um grupo de trabalho e estudo de viabilidade para formular e executar um projeto semelhante ao projeto NOVOS SABERES do Observatório das Favelas?
Acredito que sim. Temos
condições de pelo menos amadurecer esta proposta, mas penso ser necessário mais
organizações participarem deste debate.
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