PROLOGO
Entre 1974 e 1976 me vejo
empenhado em concluir o ginásio supletivo no Colégio Embaixador Dias Carneiro.
Ao mesmo tempo realizo os primeiros ensaios como escritor de poemas.
Lanço um pequeno livreto (o que
hoje chama-se fanzine). Matriz datilografada numa Olivetti portátil e
reprodução em fotocópias, intitulado,
Poesia Experimental.
Os textos versam sobre o cotidiano de pessoas
simples e sua relação com a sociedade. Poesia dee
protesto, contra o “estatus quo” dominante. Contra as injustiças sociais da
época. Todos distribuídos de mão em mão entre amigos e vizinhas e vizinhos.
Faço naquele momento dos poemas a experiência de despertar reflexão, debate e algum
tipo de ação consequente, com relação aos temas abordados.
Em 1976 me matriculo em um curso
noturno de formação de ator na Martins Pena, entre o Campo de Santana e o
Bairro de Fátima. Durante o dia, trabalho em uma clinica radiológica na Rua do
México. Agrego ao meu cotidiano visitas ao Museu Nacional de Belas Artes, ao
Teatro Municipal, à Sala Cecília Meireles, ao Museu de Arte Moderna, no Aterro
do Flamengo. Também leituras sobre antropologia, educação, teatro, filosofia,
sociologia, economia política. Jornais “Pasquim”, “Opinião” e Jornal do Brasil,
são parte do acervo bibliográfico vorazmente devorado por uma mente jovem e
ambiciosa de saber e de informação.
Toda leitura, escutada, vista e
lida, reproduzida em poesia!
E poema na mão, na mente e no
coração, sigo compartilhando ideias e tecnologias do conhecimento CDD à dentro.
Novembro 1977. proponho a Lenilda uma amiga vizinha e fotógrafa, moradora na Rua Josias, a criação de uma revista com foco em educação, literatura e trabalho. Surge assim a REVISTA NÓS.
TRECHO DA MATÉRIA PUBLICADA NA EDIÇÃO INAUGURAL:
"Durante a I Semana de Debates sobre o Rio de Janeiro na ABI, apesar de ser discutido separadamente os diferentes temas (educação e lazer, assistência médica, transporte e vida comunitária), verificou-se uma reciprocidade e relação dos mesmos por parte dos participantes destas reuniões.(...)
CRONOLOGIA
DA REVISTA NÓS
Novembro de 1977 – nº 0
Matéria na primeira página:
"Durante a I Semana de Debates sobre o Rio de Janeiro na ABI, apesar de ser discutido separadamente os diferentes temas (educação e lazer, assistência médica, transporte e vida comunitária), verificou-se uma reciprocidade e relação dos mesmos por parte dos participantes destas reuniões.(...)
Sem (...) política partidária, (...) defendendo
seus interesses, estudantes e trabalhadores colocaram e discutiram seus mais
profundos problemas e com isso foram vendo a necessidade de uma constante troca
de experiência. De intercâmbio entre representantes de bairros de modo que suas
reivindicações não objetivem somente resultados imediatos.(...)"
COMO SURGE O GRUPO CULTURAL PROJETO E SEU ENCONTRO COM A REVISTA NÓS
Quase que simultaneamente numa conversa informal com as amigas Nádia e Geórgia, surge a ideia de criar um grupo de teatro. Levamos o projeto para outras pessoas, e o grupo se amplia.
Assim surgem: O Pablo das
Oliveiras (na época assinava seus desenhos e poesias como Pablito), Zélia,
Camila, Paulo Caramenz, Cristina, Agnaldo e Benedito Malaquias.
Até o nome, GRUPO CULTURAL PROJETO foi resultado de um processo criativo em equipe.
A formação do grupo inicia-se com
a proposta de criar uma peça de teatro numa produção coletiva. O local dos
primeiros encontros foi o Centro Comunitário (um prédio anexo ao escritório da
CEHAB – Companhia Estadual de Habitação). Naquele mesmo local se reunia a
Diretoria do Conselho de Moradores da Cidade de Deus, COMOCIDE. E dos primeiros ensaios o prédio do clube local que hoje é da Associação de Moradores.
No ano seguinte, objetivando o
desenvolvimento de uma estratégia de captação de recursos para a formação de um
fundo monetário o GCP aceita minha proposta de uma fusão com a REVISTA NÓS.
O objetivo inicial desta fusão com a revista
nunca fora alcançado. A quantia arrecadada por meio de assinatura,
publicidade e doações só dava para cobrir as despesas de reprodução.
A revista acaba assumindo os mesmos objetivos
do grupo: intercâmbio com setores culturais da Cidade de Deus e de outros
bairros; fomento cultural com foco no teatro e na literatura local, pesquisa de
interesse sócio-político (diagnóstico social) e estudos de caso.
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